Dois anos da ENEC: novo painel revela avanços concretos na conectividade
- MegaEdu

- 30 de set.
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Painel Escolas Conectadas dá mais transparência à conectividade escolar e revela avanços em regiões historicamente excluídas
O Brasil deu mais um passo concreto rumo à universalização da conectividade na educação pública. No marco de dois anos da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas (ENEC), o Ministério da Educação lançou o Painel Escolas Conectadas: uma ferramenta pública e gratuita que permite acompanhar, em tempo real, os avanços da infraestrutura digital nas escolas brasileiras.
Pela primeira vez, secretários de educação, gestores escolares e a sociedade civil podem acessar dados sobre energia elétrica, velocidade da internet e cobertura Wi-Fi nas escolas públicas de educação básica. O Painel também disponibiliza o Indicador Escola Conectada, que aponta diferentes níveis de infraestrutura das escolas públicas: desde as que não têm energia elétrica estável até as que possuem salas de aula conectadas com internet e wifi de alta velocidade.
Atualmente, o Brasil tem 137.847 escolas públicas e a meta é universalizar o acesso à internet significativamente até 2026.
Avanços expressivos em pouco tempo
Entre setembro de 2023 e setembro de 2025, o percentual de escolas públicas com condições de viabilizar o uso pedagógico da conectividade saltou de 45,4% para 65,9% — um crescimento de 21 pontos percentuais em menos de dois anos.
90.819 escolas públicas (65,9%) tem salas de aula conectadas, com wi-fi e internet de alta velocidade;
94.584 (68,6%) têm velocidade mínima de 1 Mbps por aluno;
93.896 (68,1%) possuem Wi-Fi com cobertura pedagógica total.
O destaque fica para regiões historicamente mais excluídas. Na região do Nordeste, a proporção de escolas com conectividade adequada subiu de 45,6% para 68,5%. No Norte, o número quase dobrou: de 23,6% para 49,2%. Das escolas que ainda não têm internet no país, 79% estão na região Norte - o que evidencia os desafios remanescentes. Apenas a área da Ilha de Marajó (PA) passou de 3,4% para 33,5% no mesmo período. Já a região Sul está prestes a universalizar o acesso: todos os estados da região têm mais de 77% das escolas conectadas.
Redução de desigualdades e impacto comunitário
Para Cristieni Castilhos, diretora executiva da MegaEdu, organização da sociedade civil que atua para garantir conectividade significativa na educação pública, os dados reforçam que avançar é possível. “Antes, o mais difícil era entender como conectar essas escolas muito remotas. Hoje, os caminhos estão definidos e há recursos para garantir a universalização”, afirma.
Cristieni, que também é embaixadora do Banco Mundial e do Banco Interamericano de Desenvolvimento para conectividade em áreas remotas, reforça que conectar escolas em territórios excluídos é mais do que oferecer internet: é promover cidadania digital. “Recebemos relatos de diretores que precisam fechar a escola por uma semana para resolver burocracias presencialmente. Quando a internet chega, toda a comunidade passa a acessar serviços básicos: de cadastros no gov.br ao uso do Pix”.
A MegaEdu já impactou mais de 13,5 mil escolas públicas, beneficiando diretamente 5 milhões de estudantes em todas as regiões do Brasil.
Destaques por redes e capitais
O Painel também traz dados comparativos entre estados e municípios. Sete redes estaduais já têm mais de 80% das escolas com velocidade adequada:
Piauí (93%)
Rio Grande do Norte (89%)
Rio Grande do Sul (88%)
Tocantins (85%)
Goiás (82%)
Mato Grosso do Sul (81%)
Mato Grosso (80%)
Entre as capitais, Belo Horizonte (MG), Natal (RN), Teresina (PI), Goiânia (GO) e Cuiabá (MT) se destacam com mais de 80% das escolas com velocidade ideal. No campo municipal, o Maranhão teve o maior salto percentual do país: avanço de mais de 75% no número de escolas conectadas. Amapá, Amazonas e Pará mais que dobraram esse número.
Políticas estruturantes e fontes de financiamento
A ENEC organiza, em um só plano, várias políticas que vinham sendo implementadas separadamente. O Painel permite monitorar o avanço de programas como:
Aprender Conectado (recursos do Leilão 5G);
FUST (Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações);
PIEC (Política de Inovação Educação Conectada);
Lei 14.172/2021.
Já o segundo edital, lançado em 2025, adiciona a expectativa de atender 2.045 escolas até 2026, de acordo com o resultado já publicado. Somados, estes esforços representam o potencial de alcançar 17.132 escolas até o final de 2025, com a previsão de que mais 3.303 escolas sejam contempladas em 2026.
Veja como as políticas públicas da Estratégia Nacional de Escolas Conectadas avançaram desde seu lançamento, em setembro de 2023:


O próximo desafio: dispositivos
Com a infraestrutura de conectividade avançando, o foco agora é garantir o acesso dos alunos a dispositivos. Dados do Censo Escolar 2025 mostram que o percentual de escolas com dispositivos em quantidade adequada passou de 30% para apenas 38% entre 2023 e 2025.
Para apoiar as redes, o MEC publicou o Guia para Planejamento da Adoção de Dispositivos e o FNDE está lançando uma Ata de Registro de Preços que facilitará a compra dos equipamentos.
Ferramenta gratuita da MegaEdu apoia planejamento
Para ajudar as secretarias de educação a estimar a quantidade de equipamentos necessários para cada escola, a MegaEdu oferece gratuitamente a Calculadora de Dispositivos. A ferramenta já é usada por centenas de redes em todo o país e está disponível no site da organização.
“Trata-se de uma ferramenta estratégica, que apoia estados e municípios ao proporcionar uma visão clara sobre a situação de conectividade das suas escolas. É um instrumento que amplia a transparência, qualifica a gestão e fortalece o compromisso coletivo com a educação pública conectada”, afirma Cristieni Castilhos.




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